Cada vez mais encontro pessoas que estão à procura de respostas . Cada vez mais cedo, questionam o porquê de estar aqui e qual o seu propósito de vida. Cada vez encontro mais pessoas a confrontarem-se com as suas sombras e a procurarem o seu caminho na interioridade. E é maravilhoso.
De certa forma, emergiu o Boom da espiritualidade, o que significa que existe mais abertura e vontade de explorar temas que antes seriam vistos como demasiado “esotéricos” ou que simplesmente não eram vistos por nós, mas também confronta esta dimensão sagrada da existência som os desafios redutores e limitadores através dos quais a espiritualidade se torna mais inteligível para as massas. Contudo, a natureza do auto-conhecimento é profundo e difícil de entender pelas nossas lentes analíticas. É um saber interior incorporado e vivenciado a partir sentir. É uma verdade da Alma.
E que leva tempo a ser desnudada e integrada - o tempo que for necessário. Para cada um é diferente no seu processo. Mas há algo que é comum e partilhado - a paciência. E é disso que venho falar. Vivemos um tempo demasiado rápido e por vezes superficial que se manifesta em todas as áreas da vida. Levamos o tempo contado entre sair da cama, ir trabalhar, estudar, almoçar e estar com quem gostamos. O tempo de descanso é o de dormir e o das férias com dias contados. Restam-nos algumas migalhas onde escolhemos incluir tempo para os filhos, para o lazer ou o que quer que seja.
Dito isto, aceitar que a mudança leva tempo a acontecer na jornada de auto-descoberta é desafiante. Aceitar que há padrões e crenças limitantes que, mesmo trazidos à consciência, demoram a ser substituídos por outros mais saudáveis pode ser frustrante. Aprender a ser um eterno aprendiz curioso perante si mesmo e a vida é algo que toma tempo. É na verdade uma caminhada de vida. Ser humilde e ocupar o lugar no circulo entre iguais quando julgamos o outro ou pensamos saber mais acaba por ser um dos primeiros testes que se apresentam. Estar disposto a aprender diariamente sem condições e sem esperar resultados também. Não existem termos de referência para “ser espiritual”. Não temos de nos vestir de determinada forma, ser terapeutas, vegetarianos, meditar ou praticar yoga diariamente ou fazer o que quer que seja. Não é um grupo fechado de aparências. Escolher conhecermos-nos melhor é antes de mais um caminho só nosso e interior, onde o mestre o aprendiz se cruzam e as respostas se encontram à luz da nossa própria essência.
E para que esse processo de transformação ocorra é preciso ter paciência e largar o controlo. Esta é a manifesta resignificação do que é a Vida.
Ajuda se começarmos a apreciar mais os momentos de pausa e contemplação. O não fazer. O vazio. E tudo o que se aprouver manifestar nesse espaço. Dar atenção ao corpo, aos pensamentos cíclicos, às emoções. Sair do conforto. E expirar. Libertar. Deixar ir.
Hoje trago-vos um pequeno trecho do mestre Omraam Aivanhov , para que sirva de reflexão no nosso caminho de aprendizagem e auto-conhecimento interior.
~O Carvalho e a Bolota~
"O velho carvalho dizia-me: <Escuta, pequena, ainda és muito nova, tens de ter paciência. Deves começar por enfiar-te na terra e, mais tarde, quando tiveres raízes, um tronco, ramos e folhas, poderás finalmente ser útil: purificarás a atmosfera… as aves virão abrigar-te nos teus ramos… inspirarás pintores…as tuas bolotas servirão de alimento aos animais proporcionarás sombra aos passeantes… os apaixonados virão fazer em ti um baloiço e os pobres apanharão os teus ramos mortos para fazer lume… - Oh tu és velho, reagiu a bolota, não compreendes nada de nada, estás a disparatar. Eu estou a rebentar de amor, quero sacrificar-me..> E foi por-se no meio do caminho. Mas aconteceu um porco passear por ali, viu a bolota e comeu-a…Lá se acabaram os projectos magníficos da pobre bolota! Vejo muitos discípulos que, logo no primeiro ano, imaginam que podem modificar o mundo inteiro, embora não saibam nada… Por isso, assim que encontram o primeiro porco sã comidos. Mesmo antes de querer fazer sacrifícios, é necessário preparar-se, estudar, reforçar-se, para se ser capaz de ajudar os outros.”
Muita Luz,
Rita Aleixo~
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