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Adentrando no Ser

Foto do escritor: RitaleixoRitaleixo

No Outono a energia convida-nos a voltar para dentro. Abrandar o ritmo. Reorganizar a casa, as ideias e armazenar a energia para a estação mais fria. Cuidar de nós. É por isso um bom momento para quem procura dar início a práticas como a meditação. Para muitos este é um grande desafio. O corpo doi de estarmos na mesma posição e a mente não pára.


Vou partilhar convosco como me senti há alguns dias na minha prática matinal, em que me via sempre perdida entre pensamentos dispersos - Frustrada! Sim, eu que procuro meditar regularmente. E então dei por mim a debater-me comigo mesma: “afinal, tantos anos e ainda estou aqui?”; “mas estou onde exactamente?”; “Afinal, ainda espero estar noutro sítio qualquer ou alcançar algo talvez?!”. Olhando para trás sorrio, pois, apesar de gostar de habitar o silêncio continua a ser difícil o processo de simplesmente largar e render-me ao vazio. Surge o auto-sabotador que acena das suas nuvens e lá vou eu. Outra dificuldade é a prática da auto-compaixão ou complacência perante a mente inquieta que me leva a “querer “ ou “desejar” algo. Mas porque não simplesmente aceitar e largar as exigências? Aceitar o que é no momento, as imperfeições e a impermanência. O cansaço e a sensibilidade do próprio dia. Estar apenas com esse sentir. Ontem, isso finalmente aconteceu e acabou por me ser tão natural, como se tirasse mais um peso de cima e pudesse ampliar a respiração!

No Taoismo, a prática da meditação tem como finalidade alcançar o grande vazio. A meditação é o não fazer. Não como uma paragem ou inércia mas como puro acto de retorno a um estado natural de abertura e presença plena com o que é no momento. Aqui e agora. E esse não fazer que se adentra em nós, é movimento e é vida. E pode, quem sabe, abrir caminho para uma maior consciência e clareza no nosso dia-a-dia.

Assim, apesar de ter a meditação como uma prática diária, ela é na verdade um estado de ser que pode vir a ser encorporado aos poucos na nossa vida. A mim tem-me aproximado do essencial ao permitir-me estar mais presente e plena a cada instante, tomando consciência de que esse processo é uma caminhada de aprendizagem contínua e que cada pausa para olhar dentro vou observando e mergulhando um pouco mais fundo. Nada a fazer. Apenas ser, respirar e permanecer. O silêncio ganha mais substância, mais amplitude, mais serenidade. Ao mesmo tempo, esse vazio preenche-se de Vida, pois a (minha) atenção está mais activa no presente devolvendo-me mais sons e cores do que nos rodeia. Para mim, o mais fascinante tem sido as melodias dos pássaros. O silêncio vira então uma pura sinfonia que não deixa de me maravilhar!!


Adentramos?

Com amor,

Rita


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